O FESTIVAL EM 2023

O Festival Curta Velho Oeste chega à sua 2ª edição entre os dias 24 a 28 de outubro de 2023 na cidade de Assis, movido pela força do cinema que vem dos cantos. É parte dele a busca por semear e provocar novas possibilidades de convivência e existência das mais diversas localidades geográficas e sociais, ao mesmo tempo em que reconhece e valoriza esses interiores em sua complexidade por meio do cinema. Para tanto, apresenta ao público uma pluralidade de produções cinematográficas brasileiras que possam contribuir para construção de imaginários coletivos, como forma de redesenhar uma geografia de pertencimentos.

A partir do tema "todo canto é um mundo", inspirado no poema “O apanhador de desperdícios”, de Manoel de Barros, o Festival volta o olhar para curtas-metragens produzidos no interior do Brasil e busca criar uma janela de conexão entre os habitantes do Oeste Paulista e os demais interiores, em contribuição ao recente movimento de interiorização do cinema nacional. O evento acontece no Cine Fema Piracaia, um cinema de rua dos anos 70, recém-restaurado, com capacidade para 580 pessoas, localizado na região central de uma cidade de 100 mil habitantes. 

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O II Curta Velho Oeste é uma produção da Oeste Cinema, através da Coordenação de Circulação do Polo Audiovisual do Velho Oeste, em parceria com a Oeste Cooperativa Audiovisual e acontece ao longo de 5 (cinco) dias organizados em três mostras: Mostra Competitiva Interior Brasil, para curtas de todo o interior brasileiro; Mostra Panorama Velho Oeste que exibe curtas produzidos no Oeste Paulista; e Mostra Infantojuvenil, em sessões organizadas para crianças do ensino público municipal de Assis/SP.

A programação ainda inclui debates com realizadores, estudos de caso de filmes produzidos no interior e uma Oficina de Crítica Cinematográfica, tendo como produto final a escrita de críticas e atribuição de menções honrosas aos filmes da Mostra Competitiva Interior Brasil por meio do Júri Pé Vermelho.

Os filmes da Mostra Competitiva Interior Brasil concorrem ao Troféu Jacu de "Melhor Filme - Escolha da Crítica" e ao "Troféu Jacu de Melhor Filme - Escolha do Público", através de votação popular, além de Menções Honrosas oferecidas pelo Júri Pé Vermelho, composto por alunos da oficina de crítica cinematográfica.

Após a realização do festival em Assis, o II Curta Velho Oeste saiu em itinerância e percorreu 8 (oito) cidades do Vale do Paranapanema, com exibição dos curtas que se destacaram na programação do Festival.

Jacú (Penelope superciliaris/obscura), 2023, é um pássaro semeador típico do Oeste Paulista. Pintado em autorretrato pela artista plástica assisense Monique Brandão.

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65 x 50 cm: Tinta acrílica, giz pastel seco e lápis de cor sobre papel 300g/m2

Uso a palavra para compor meus silêncios.

Não gosto das palavras

fatigadas de informar.

Dou mais respeito

às que vivem de barriga no chão

tipo água pedra sapo.

Entendo bem o sotaque das águas.

Dou respeito às coisas desimportantes

e aos seres desimportantes.

Prezo insetos mais que aviões.

Prezo a velocidade

das tartarugas mais que a dos mísseis.

Tenho em mim um atraso de nascença.

Eu fui aparelhado

para gostar de passarinhos.

Tenho abundância de ser feliz por isso.

Meu quintal é maior do que o mundo.

Sou um apanhador de desperdícios:

Amo os restos

como as boas moscas.

Queria que a minha voz tivesse um formato

de canto.

Porque eu não sou da informática:

eu sou da invencionática.

Só uso a palavra para compor meus silêncios.

O apanhador de desperdícios, de Manoel de Barros